Lamotrigina (Lamictal)
Lamotrigina, conhecida comercialmente como Lamictal, é um medicamento anticonvulsivante e estabilizador de humor usado para tratar várias condições neurológicas e psiquiátricas.
Indicações
- Tratamento de epilepsia (convulsões parciais, convulsões tônico-clônicas generalizadas e crises de ausência).
- Tratamento de transtorno bipolar (particularmente eficaz na prevenção de episódios depressivos).
Mecanismo de Ação
A lamotrigina estabiliza as membranas neuronais bloqueando os canais de sódio dependentes de voltagem. Isso reduz a liberação de glutamato, um neurotransmissor excitatório, diminuindo a excitabilidade neuronal excessiva. Além disso, a lamotrigina pode ter efeitos sobre os canais de cálcio, contribuindo para seu efeito estabilizador de humor.
Posologia e Administração
- Epilepsia: A dose inicial para adultos é geralmente de 25 mg uma vez ao dia durante as primeiras duas semanas, seguida de 50 mg uma vez ao dia nas semanas três e quatro. Após isso, a dose pode ser aumentada em incrementos de 50-100 mg a cada uma ou duas semanas, até uma dose de manutenção usual de 100-400 mg por dia, dividida em duas doses.
- Transtorno Bipolar: A dose inicial é geralmente de 25 mg uma vez ao dia durante as primeiras duas semanas, seguida de 50 mg uma vez ao dia nas semanas três e quatro. A dose de manutenção costuma ser de 100-200 mg por dia.
A lamotrigina pode ser tomada com ou sem alimentos. É importante seguir um aumento gradual da dose para minimizar o risco de reações cutâneas graves.
Efeitos Colaterais
A lamotrigina pode causar uma variedade de efeitos colaterais, variando de leves a graves:
Comuns:
- Dor de cabeça
- Tontura
- Sonolência
- Náusea e vômito
- Insônia
- Irritação gastrointestinal
- Tremores
- Visão turva ou dupla
Graves:
- Reações dermatológicas severas (Síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica)
- Reações de hipersensibilidade (que podem envolver febre, linfadenopatia e comprometimento de múltiplos órgãos)
- Depressão ou ideação suicida
- Anemia aplástica
- Trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue)
- Hepatite e disfunção hepática
Interações Medicamentosas
A lamotrigina pode interagir com vários medicamentos, alterando seus efeitos e aumentando o risco de efeitos adversos:
- Anticonvulsivantes (Carbamazepina, Fenitoína, Ácido Valproico): A carbamazepina e a fenitoína podem diminuir os níveis de lamotrigina, enquanto o ácido valproico pode aumentá-los significativamente.
- Contraceptivos Hormonais: Os contraceptivos hormonais podem reduzir os níveis de lamotrigina, e a lamotrigina pode reduzir a eficácia dos contraceptivos.
- Antidepressivos e Antipsicóticos: Pode haver aumento do risco de efeitos adversos quando usados concomitantemente.
Considerações Especiais
- Monitoramento: Monitorar os níveis de lamotrigina não é uma prática de rotina, mas pode ser útil em casos de suspeita de toxicidade ou interações medicamentosas.
- Gravidez: A lamotrigina pode ser usada durante a gravidez, mas com cautela, pois há um risco aumentado de malformações orofaciais. É importante discutir os riscos e benefícios com o médico.
- Retirada Gradual: A retirada da lamotrigina deve ser feita de forma gradual para evitar convulsões de rebote e sintomas de abstinência.
- Superdosagem: Em caso de superdosagem, os sintomas podem incluir ataxia, nistagmo, convulsões, depressão respiratória e coma. A superdosagem requer intervenção médica imediata.
A Lamotrigina é segura para uso a longo prazo
A lamotrigina 100 mg é geralmente considerada segura para uso a longo prazo, com algumas considerações importantes:
Segurança a Longo Prazo
- Estudos a longo prazo não demonstraram evidências de carcinogenicidade da lamotrigina em animais.[4]
- Não houve aumento na incidência, gravidade ou tipo de eventos adversos após a retirada abrupta da lamotrigina em comparação ao placebo.
- No entanto, a suspensão abrupta da lamotrigina pode provocar crises de rebote, portanto a dose deve ser reduzida gradualmente ao longo de 2 semanas, a menos que seja necessária interrupção imediata.
Monitoramento Necessário
- Pacientes tomando lamotrigina devem ser monitorados quanto a possíveis efeitos adversos, como dor de cabeça, exantema cutâneo, sonolência, tontura, entre outros.
- Em pacientes com insuficiência renal ou hepática, ajustes de dose da lamotrigina podem ser necessários.
- A lamotrigina também pode interferir em testes rápidos de urina para detecção de drogas, podendo resultar em falsos positivos.
Interações Medicamentosas
- A lamotrigina pode interagir com outros medicamentos, como a olanzapina e a risperidona, afetando sua farmacocinética.
- Em pacientes tomando outros medicamentos antiepilépticos, o regime de tratamento recomendado para a associação lamotrigina/valproato deve ser utilizado.
Portanto, a lamotrigina 100 mg é geralmente considerada segura para uso a longo prazo, desde que haja monitoramento médico adequado, ajustes de dose quando necessário e cuidados com possíveis interações medicamentosas.
Quais são os riscos de interromper abruptamente o uso
Interromper abruptamente o uso de lamotrigina pode trazer vários riscos, incluindo:
- Crisis de Rebote: A suspensão abrupta da lamotrigina pode levar a crises convulsivas graves, incluindo estado de mal epiléptico, que podem resultar em rabdomiólise, disfunção de múltiplos órgãos e coagulação intravascular disseminada, às vezes levando à morte.
- Efeitos Colaterais: A interrupção abrupta pode também causar efeitos colaterais graves, como crises convulsivas, que podem ser mais severas do que as crises que o paciente estava experimentando antes do tratamento.
- Falsos Positivos em Testes: A lamotrigina pode interferir em testes rápidos de urina para detecção de drogas, resultando em falsos positivos, especialmente para fenciclidina. Um método químico alternativo mais específico deve ser utilizado para confirmar um resultado positivo.
- Acompanhamento Médico: É recomendado que a dose da lamotrigina seja reduzida gradualmente ao longo de duas semanas antes de interromper o tratamento, para evitar crises de rebote e minimizar os efeitos colaterais.
Portanto, é crucial que o tratamento com lamotrigina seja interrompido somente sob indicação médica e que haja um acompanhamento cuidadoso para evitar riscos significativos à saúde do paciente.
A Lamotrigina pode causar dependência ao longo do tempo
A lamotrigina não causa dependência química a longo prazo, mas alguns pacientes podem desenvolver dependência psicológica ao medicamento:
Não Causa Dependência Química
- Estudos demonstram que a lamotrigina não causa dependência física ou química, mesmo após uso prolongado.
- Não há evidências de que a lamotrigina possa levar a tolerância ou síndrome de abstinência quando interrompida gradualmente.
Possível Dependência Psicológica
- Embora não cause dependência química, alguns pacientes podem desenvolver uma dependência psicológica à lamotrigina, especialmente se ela for eficaz no controle de seus sintomas.
- Essa dependência psicológica pode levar a ansiedade e dificuldade em descontinuar o medicamento, mesmo que não haja risco de efeitos físicos.
Descontinuação Gradual Recomendada
- Apesar de não causar dependência química, a suspensão abrupta da lamotrigina pode levar a efeitos adversos graves, como crises convulsivas.
- Por isso, é recomendado que a dose da lamotrigina seja reduzida gradualmente, ao longo de 2 semanas, antes de interromper completamente o tratamento.
Portanto, a lamotrigina não causa dependência química, mas alguns pacientes podem desenvolver uma dependência psicológica ao medicamento. A descontinuação deve ser feita de forma gradual, sob orientação médica, para evitar efeitos adversos.
Armazenamento
A lamotrigina deve ser armazenada em temperatura ambiente, protegida da luz e da umidade. Manter fora do alcance das crianças.